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Entrevistamos Jorge Carneiro, responsável do projeto ECOGRES 4.0

O surgimento da ECOGRÉS é o resultado promissor de uma spin-off derivada do bem-sucedido projeto de I&D, o ECOGRÉS NG+, que foi cofinanciado pelo COMPETE 2020.

29 de Abril 2024 | Notícias

A formação da ECOGRÉS é fruto de uma spin-off bem-sucedida originada do projeto de I&D, conhecido como ECOGRÉS NG+, que recebeu financiamento do COMPETE 2020. Inicialmente, a GRESTEL não estava preparada para o êxito alcançado pelo seu projeto. A missão da ECOGRÉS é consolidar-se como uma empresa dedicada à indústria e à investigação, priorizando os princípios de simbiose industrial, economia circular, inovação e cerâmica 4.0.

Nesta edição da Newsletter do COMPETE 2030, entrevistamos Jorge Carneiro, responsável pelo núcleo de I&D na Grestel e responsável do projeto ECOGRES 4.0

Como nasceu o projeto ECOGRES 4.0? Quais foram as principais motivações?

O projeto ECOGRES 4.0 é fruto de um projeto de IDT de sucesso, Ecogrés + NG, terminado em 2022. O projeto de IDT previa o desenvolvimento de novas pastas de grés mais sustentáveis, assentes numa filosofia de economia circular, com a incorporação de resíduos de indústrias cerâmicas e não cerâmicas. O sucesso do projeto e dos produtos desenvolvidos potenciou a criação de um spinoff, ECOGRES – Cerâmica Ecológica, Lda., que irá produzir as novas linhas de produtos mais sustentáveis.

O projeto Ecogrés + NG, assim como outros projetos da Grestel, têm origem na preocupação de desenvolver produtos e métodos de produção mais eficientes e sustentáveis, focados na redução de desperdícios e consumo de recursos.

Este caminho, iniciado a vários anos e em que um dos resultados é a unidade ECOGRES, agregou muito do conhecimento e lições apreendidas ao longo do tempo com os diferentes projetos da empresa.

O que considera ser o elemento diferenciador do projeto?

O projeto é focado na sustentabilidade e eficiência de processos e produto. Do vasto conjunto de medidas aplicadas destacam-se:

– Forno com sistema de isolamento especial por membrana e com inovador sistema de recuperação de calor para o ar de combustão, tornando-o 10% mais eficientes que o estado da arte. Recuperação de calor do ar quente do pré-forno para aquecimento da olaria. Vagonas com material refratário mais leve (menos 50 Kg por vagona), forno preparado para receber misturas de gás natural/hidrogénio ate 50%.

– Águas residuais – de forma a potenciar a valorização das águas residuais e dos resíduos sólidos, a recolha das águas residuais foi separada por sector, nomeadamente o do acabamento (águas residuais ricas em resíduos de pasta) e da vidragem (águas residuais ricas em resíduos de vidrado).

– Instalação de painéis fotovoltaicos que asseguram o funcionamento da unidade fabril durante o dia.

– Renovação da estrutura da antiga unidade fabril, mantendo a estrutura existente, aumentando-a e reintegrando o entulho da demolição na construção da nova unidade.

– Descontaminação dos solos da antiga unidade fabril.

Mas, o elemento verdadeiramente diferenciador e que está na génese do projeto, é a produção de pastas constituídas por percentagens superiores a 95% de resíduos/subprodutos do processo interno e de indústrias não cerâmicas. A incorporação de resíduos da indústria metalomecânica e/ou do alumínio, numa lógica de economia circular, torna este projeto único a nível mundial, permitindo a valorização de resíduos que de outra forma seria descartado em aterro.

Quais foram os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto?

Dois grandes desafios estão associados a um projeto desta natureza, assegurar o fornecimento estável da matéria-prima (resíduo) e ultrapassar os constrangimentos legais associados à valorização de resíduos.

O primeiro ponto requer o estabelecimento de parcerias com empresas e uma procura ativa de outros potenciais parceiros, assegurando desta forma alternativas, caso existam constrangimentos. Deve-se ter em consideração que se trata de resíduos de um processo produtivo, cuja produção e composição dependem das necessidades dessas empresas, não sendo a sua produção o principal objetivo.

A legislação complexa assim como a variedade de entidades que a aplicam, criam constrangimentos, nomeadamente atrasos, quando o objetivo é a desclassificação de resíduos não perigosos para uma aplicação que irá acrescentar valor e libertar espaço de aterro.

De entre os resultados alcançados, há algum que gostaria de destacar?

Este projeto teve um impacto social relevante com a criação de 160 novos postos de trabalho, 30 dos quais de quadros altamente qualificados. Impacto comercial pelo aumento de capacidade produtiva da empresa, a qual exporta cerca de 93% da sua produção.

No entanto, um dos principais resultados obtidos é a capacitação da empresa para aprofundar o estudo e desenvolvimento de novos materiais, não só de pastas, mas também de vidrados, focado na valorização de resíduos de indústrias não cerâmicas. Continuando, e aprofundando, o caminho iniciado com o projeto de co-promoção Ecogrés+NG, aumentando o número e quantidade de resíduos passiveis de serem incorporados em pastas de grés.

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto foi cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Inovação Empresarial (Produtiva), envolvendo um investimento elegível de 10.058.245 euros e um incentivo FEDER de 2.011.649 euros, o que representa uma taxa de execução de 100%.

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