Portugal reforça esforços na aplicação da política ambiental
O mais recente relatório europeu analisa o desempenho ambiental de Portugal e aponta caminhos para o futuro.
Conheça os resultados de um projeto que alia inovação científica e produção nacional de mirtilo na luta contra a diabetes.
A ciência tem mostrado cada vez mais como a alimentação pode ter um papel decisivo na prevenção de doenças crónicas. Em Portugal, onde cerca de 40% da população adulta vive com pré-diabetes ou diabetes, projetos que juntam conhecimento científico e nutrição tornam-se particularmente relevantes. Foi neste contexto que surgiu o FRUITIFY, uma iniciativa da Universidade de Coimbra, cofinanciada pelo COMPETE 2020, que procurou estudar os benefícios do mirtilo na prevenção e evolução da diabetes.
O balanço do projeto é, nas palavras de Flávio Reis, responsável pelo FRUITIFY e investigador do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia da Universidade de Coimbra, “claramente positivo”. Segundo o investigador, “o projeto demonstrou que o sumo de mirtilo exerce efeitos protetores em situações de pré-diabetes, melhorando a tolerância à glicose, a sensibilidade à insulina e reduzindo a esteatose hepática”. Para além disso, acrescenta, “esta investigação reforçou a colaboração entre academia e setor agroalimentar, sustentando futuras aplicações nutracêuticas à base de mirtilo, com impacto não apenas na saúde, mas também no setor agrícola nacional”.
Entre os principais resultados, Flávio Reis destaca que “o sumo de mirtilo melhorou a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina”, mas também que “contribuiu para inibir a acumulação de gordura no organismo e no fígado, restaurando a função mitocondrial”. Outro dado relevante foi o impacto na microbiota intestinal: “o mirtilo mostrou capacidade de modular positivamente a microbiota, um aspeto que parece ser determinante na progressão da pré-diabetes para a diabetes”. Estes resultados reforçam, segundo o investigador, o “potencial terapêutico do mirtilo, nomeadamente como ingrediente funcional para novos suplementos que possam ajudar a prevenir a evolução da diabetes”.
A ligação entre os resultados científicos e o dia a dia das pessoas é clara. “Este trabalho reforça a ideia de que uma alimentação saudável pode funcionar como medicina preventiva”, sublinha Flávio Reis. “Se for confirmada em estudos clínicos, a toma regular de sumo de mirtilo poderá ajudar pessoas em risco de diabetes a controlar melhor os níveis de glicose no sangue e a atrasar, ou mesmo a evitar, a progressão da doença.” Para além do efeito metabólico, o investigador lembra que “o impacto positivo na saúde intestinal e hepática contribui para o bem-estar geral” e que se trata de uma solução prática, baseada num fruto amplamente cultivado em Portugal, “fácil de integrar na rotina diária, seja sob a forma de sumo funcional ou suplemento nutracêutico”.
Um dos fatores-chave para o sucesso do projeto foi a colaboração entre parceiros. “A cooperação foi determinante”, afirma Flávio Reis. “As universidades trouxeram conhecimento científico e infraestruturas para o estudo rigoroso dos mecanismos de ação; a COAPE forneceu os mirtilos com qualidade controlada; e o apoio do COMPETE 2020 garantiu os recursos financeiros que permitiram desenvolver protocolos robustos, integrar doutorandos e manter ativos os laboratórios.” Para o investigador, este modelo mostra “como a ligação entre ciência e setor agroalimentar pode gerar inovação com impacto social e económico, valorizando um produto nacional”.
Embora concluído, o FRUITIFY representa apenas o começo de uma linha de investigação com grande potencial. “O projeto foi apenas o início desta área de investigação em produtos de base natural com capacidade para alterar o curso de doenças crónicas com forte impacto socioeconómico”, explica Flávio Reis. Os próximos passos passam por ensaios clínicos que confirmem os resultados obtidos em animais e, eventualmente, explorar “a combinação do sumo de mirtilo com fármacos antidiabéticos, como a metformina”. Em paralelo, já arrancou um novo desafio: “o projeto RELEAF, coordenado pela minha colega Sofia Viana, vai apostar em compostos bioativos existentes nas folhas senescentes de mirtilo, ainda mais ricas do que o fruto, para novas aplicações em saúde”, revela o investigador.
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