Sustentabilidade: O Papel do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal
Em entrevista, o Diretor da Unidade de Organização e Gestão de Empresas destaca o apoio do Centro às empresas na adoção de práticas mais sustentáveis, afirmando que a "sustentabilidade ambiental é um eixo estratégico da fileira do calçado há mais de uma década."
Em entrevista, Rui Moreira, Diretor da Unidade de Organização e Gestão de Empresas destaca o apoio do centro às empresas na adoção de práticas mais sustentáveis, afirmando que a “sustentabilidade ambiental é um eixo estratégico da fileira do calçado há mais de uma década.”
Em entrevista à newsletter do COMPETE 2030, Rui Moreira, Diretor da Unidade de Organização e Gestão de Empresas do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal, destaca o apoio do centro às empresas na adoção de práticas mais sustentáveis, afirmando que a “sustentabilidade ambiental é um eixo estratégico da fileira do calçado há mais de uma década.”
Como é que o CTCP está a apoiar as empresas do calçado na transição para práticas mais sustentáveis e na redução das emissões de carbono?
A sustentabilidade ambiental é um dos eixos estratégicos de desenvolvimento da fileira do calçado há mais de uma década. Mais recentemente, o Plano Estratégico 2030 do cluster do calçado inclui, como projeto âncora no domínio da sustentabilidade, a iniciativa Compromisso Verde. Nesta iniciativa, operacionalizada pelo CTCP, participam 143 empresas representando, em valor, mais de 50% do volume de exportações da fileira. Ao longo do 2º semestre de 2023 e do ano 2024 têm vindo a ser realizados diagnósticos, empresa a empresa, que incluem o cálculo de emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE) nos três âmbitos e a definição de planos de ação para a sua redução. Complementarmente, o Roteiro para a Descarbonização da fileira do calçado, integra uma abordagem global do sector com caracterização das emissões e das suas fontes de que resultará um roteiro dirigido às empresas da fileira para redução de consumos de energia e de emissões de GEE de âmbito 1 e âmbito 2. O objetivo é a redução das emissões de GEE âmbito 1 + 2 em, pelo menos, 55% no ano 2030 face aos valores de emissões em 2005.
Quais são as principais inovações tecnológicas que têm sido implementadas pelo setor para promover a descarbonização?
O processo industrial de produção de calçado, componentes e marroquinaria está alicerçado no consumo de energia elétrica de que resultam emissões de âmbito 2. Neste sentido, uma parte significativa da redução de emissões de GEE, advém da introdução de equipamentos industriais energeticamente mais eficientes, variadores de velocidade e outros processos de poupança de energia e da instalação de painéis solares fotovoltaicos para autoconsumo. Nas emissões de âmbito 1, o investimento das empresas está orientado para a otimização da gestão de frota, utilização de biocombustíveis e eletrificação da frota automóvel. Para a redução das emissões de GEE de âmbito 3, a inovação tecnológica está focada no desenvolvimento de soluções que permitam a reciclabilidade de resíduos e/ou a introdução de materiais reciclados no processo industrial e na procura de soluções ao nível do produto que potenciem a economia circular. Saliência ainda para a inovação tecnológica no domínio da prototipagem rápida como o CAD 3D e impressão 3D que podem reduzir significativamente, a médio prazo, a necessidade de desenvolvimento de protótipos e de envio de amostras para clientes internacionais.
Pode falar-nos sobre algum projeto cofinanciado que tenha tido um impacto significativo na descarbonização do setor?
Ao longo da última década, foram implementados pelo CTCP projetos no âmbito do Portugal 2020, como o FAMEST e GreenShoes 4.0 (ambos financiados pelo COMPETE 2020) para procura e implementação de soluções inovadoras para a indústria, com foco na redução do impacto ambiental do processo industrial e do produto. O programa FAMEST integrou um eixo designado como FAMEST Green com particular incidência no desenvolvimento de materiais e componentes, bens de equipamento e processos, focados no desenvolvimento sustentável e responsável. Por fim, referência para o Programa Formação PME, em que o CTCP, como entidade promotora, desenvolveu intervenção em 12 empresas da fileira no domínio da Sustentabilidade e Responsabilidade Ambiental. Por fim, o CTCP colaborou com as empresas na apresentação de candidaturas ao programa Descarbonização da Indústria do eixo C11 do PRR.
Quais são os maiores desafios que o setor do calçado enfrenta atualmente em relação à descarbonização, e como é que o CTCP está a ajudar a superá-los?
Existem vários desafios que podemos integrar em dois vetores de intervenção. O primeiro vetor diz respeito às emissões de GEE de fontes diretas e indiretas para as quais as empresas possuem influência e intervenção própria e que possuem um potencial de redução de curto / médio prazo. Neste caso, o desafio das empresas é o da procura e implementação de tecnologias que aumentem a eficiência energética, introdução de sistemas de energia renovável (solar fotovoltaica) e incrementar a sua utilização através da implementação de sistemas de armazenagem ou de metodologias como as Comunidades de Energia Renovável. O segundo vetor está associado à redução de emissões indiretas de âmbito 3, em que a capacidade de influenciar a fonte destas emissões é reduzida. A redução destas emissões deverá resultar de ações que abrangem as partes interessadas, nomeadamente, clientes e fornecedores, com ações ao nível do eco design, aprovisionamento local dos materiais, redução de resíduos, maior capacidade de recuperar/reciclar, utilização de materiais reciclados e utilização de tecnologias digitais na prototipagem, entre outras.
A atuação do CTCP inclui a definição e implementação de planos de ação para redução das emissões de GEE de âmbito 1 + 2, a divulgação de inovações tecnológicas neste domínio, e a sensibilização para a redução gradual de emissões de GEE âmbito 3, complementando as ações de capacitação e mentoria previstas no Roteiro para a Descarbonização da fileira do calçado.
Com estas e outras ações, existe a convicção de que as empresas da fileira irão atingir o objetivo de redução de, pelo menos, 55% das emissões de GEE (âmbito 1 + 2) em 2030 e desenvolver um percurso gradual de redução das emissões de GEE de âmbito 3.
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